A Suíça não é perfeita, mas, a julgar por como andam os países, é difícil encontrar algum muito melhor.
Quanto mais se
conhece sobre a Suíça, mais se tende a admirá-la. Por quase todas as medidas de
realização humana e, particularmente, ao criar o mais bem-sucedido modelo de
governo, os suíços são, claramente, líderes mundiais.
A Suíça é um pequeno
enclave, desprovido de recursos naturais dignos de nota, que logrou permanecer
afastado de quaisquer guerras durante duzentos anos e desenvolveu uma
democracia de longo prazo, multilíngue e plurirreligiosa, sem tensões. O
império da lei conta com juízes competentes e imparciais, e a propriedade
privada é fortemente protegida.
Entre os países do
mundo, a Suíça destaca-se como:
- nº 1 em “satisfação com a vida” (“Índice para uma Vida Melhor”, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico);
- nº 1 em “competitividade global” (Índice de Competitividade Global, Fórum Econômico Mundial);
- nº 2 em “taxa de participação na força de trabalho” (Estatísticas da Força de Trabalho, OCDE);
- nº 3 em “felicidade” (Relatório de Felicidade Global da Organização das Nações Unidas);
- nº 4 em “liberdade econômica” (Relatório de Liberdade Econômica do Mundo, Institutos Fraser e Cato);
- nº 7 em “renda per capita” com base na paridade do poder de compra (Panorama Econômico do Fundo Monetário Internacional);
- nº 2 em “prosperidade geral” (Índice de Prosperidade do Instituto Legatum); e
- nº 1 em “expectativa de vida ao nascer” (Índice para uma Vida Melhor, OCDE).
A Suíça também pontua
acima da média entre os países da OCDE (as 35 economias mais desenvolvidas do
mundo) em níveis de educação e avaliações estudantis, e tem baixos índices de
poluição do ar e da água.
As liberdades civis
são igualmente asseguradas, incluindo liberdade de expressão, religião,
imprensa, associação, e até mesmo o direito de possuir armas. Não se poderia
desejar muito mais do que isso.
Os suíços evitaram
criar o “culto à personalidade” em torno de suas lideranças eletivas. Os
dirigentes eleitos da Suíça não são íntimos de seus compatriotas e, para o
resto do mundo, passam-se quase invisíveis. Grandes são as chances de que você
nunca tenha ouvido falar de Didier Burkhalter. Ele é o atual presidente da
Suíça.
A história está
repleta de líderes que detiveram demasiado poder e visibilidade. Talvez a razão
pela qual os suíços tenham cometido menos erros em política externa e econômica
do que outros países seja, em parte, porque não possuam líderes poderosos que
possam impulsionar más políticas.
Muitos vêem o sistema
suíço de democracia direta com embaraço, mas, como um amigo daquelas terras
disse-me certa vez, “Não é que nós, suíços, sejamos mais inteligentes que os
demais; mas, dado o nosso sistema político, quando finalmente nos dispomos a
fazer alguma grande mudança, outros países já a fizeram e provaram que se trata
de uma má idéia”.
O mundo é um lugar
invejoso (a inveja sendo um dos sete pecados capitais) e, por conseguinte,
pendem contra os suíços volumosas difamações de parte dos ciumentos e
ignorantes. Atuando como conselheiro de diversos governos durante as últimas
décadas, frequentemente os encorajei a encarar a Suíça como um modelo que
funciona.
O modelo suíço é
particularmente relevante para países com grupos étnicos ou religiosos rivais,
mas, infelizmente, pouquíssimos outros países o adotaram...
Eles exportam com
sucesso relógios, chocolates, fármacos, maquinário de precisão e muitos outros
produtos grandiosos, mas falham a exportar seu modelo de governança limitada e
descentralizada para o resto do mundo — o qual poderia ser sua mais importante
pauta de exportação.
Em parte, isso
acontece porque os suíços são por demais modestos. Seu fracasso em vender — ou
mesmo explicar — o modelo suíço ao resto do mundo custou-lhes muitos problemas.
Poucos entendem o sistema financeiro suíço e os grandes benefícios para o mundo
causados por seu sistema bancário privado, com séculos de confiabilidade.
Como resultado, os
suíços são frequentemente caracterizados pela imprensa global como vilões gananciosos, ao invés de mocinhos que protegem os direitos humanos e a
liberdade, assim como alocam capital global para seus melhores e mais elevados
usos.
Está na moda
considerar que os países sejam crescentemente ingovernáveis. Os suíços provam
não ser esse o caso.
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Leitura relacionada: Liberdade e economia austríaca no Principado de Liechtenstein, por Andreas Kohl-Martinez.
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