Acusar
petistas de corrupção (o tipo penal previsto pelo texto legal) pode
funcionar para fins eleitorais (há controvérsias), e seguramente
corresponde à realidade, mas é inexato e insuficiente. Corruptos
sempre os houve e sempre haverá — ainda que nunca antes vistos em
tamanhos volume e desfaçatez.
A
diferença específica do petismo não é que assaltem o erário
aqui, acolá e onde quer que se instalem, tratando como sua a coisa
pública. O projeto de poder do PT não tem por fim o enriquecimento
dos líderes partidários (embora seu enriquecimento lhes seja um
bem-vindo incidente). Petistas de pura cepa não hesitariam em perder
fortuna, liberdade, ou mesmo a vida pelo campo político que
integram, e esse tem sido o grande trunfo das esquerdas ao longo dos
últimos três séculos: diferente do ethos aristocrático,
a ética burguesa que hoje lhes é contraposta — nisso Marx
estava certo — traz por fundamento a autopreservação, incitando a
covardia; enquanto a Revolução chama ao martírio.
Isso
porque a apropriação das verbas estatais pelos partidos de esquerda
é meio, e visa a um fim de natureza tipicamente transcendente, que,
em sociedades retamente ordenadas, estaria a encargo da religião. É
a paralaxe estrutural das esquerdas que as faz buscá-lo dentro do
universo imanente, ensejando o surgimento de indivíduos e
coletividades aberrantes.
Petistas
não são meros ladrões. São corruptores da alma e do espírito, e
essa é ferida profunda — a mais difícil de tratar em uma nação.
Pervertem caracteres um a um, inoculando ódios insaciáveis, capazes
de devorar o mundo sem se exaurir. Ódio contra a realidade em si.
Todo o poder humano não lhes seria o bastante: através do partido —
ou, mais amplamente, do campo político esquerdista — o petista
ambiciona tornar-se o primeiro dos “novos homens” (para Nietzsche,
super-homem), apto a reordenar a natureza e a reescrever a história, realizando em si a promessa da Serpente: “sereis
como deuses!”
Não
é à toa que Saul Alinsky, um dos maiores nomes do movimento
americano conhecido como “New Left” (Nova Esquerda), dedica seu
livro mais influente (Rules for Radicals) “ao primeiro
radical...que rebelou-se contra a ordem estabelecida, e o fez tão
eficazmente que, ao menos, conquistou seu próprio reino: Lúcifer”.
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Petistas
chegaram ao poder político formal após vinte anos de acusações
aleatórias contra tudo e contra todos, todas fundadas em alegações
de corrupção financeira. Entretanto, ao tomarem posse do governo,
inauguraram o mais abrangente esquema de corrupção imaginado em
nossa História.
Como
se explica a incoerência?
É
em semelhantes ocasiões que a sabedoria imemorial estapeia, com luvas de
pelica, nossa soberba geração:
“Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: 'Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?' Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam.” (Evangelho segundo São João, 12.3-6)
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